EUA removem tarifa básica sobre produtos agrícolas; Brasil segue com taxa adicional

Em uma mudança significativa, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou uma nova ordem executiva anulando a tarifa-base que havia sido estabelecida em abril sobre a importação de itens do setor agrícola, como café, carne bovina, tomate, banana e outros alimentos.

INTERNACIONAL

11/15/20252 min read

A decisão passa a valer de forma retroativa desde o dia anterior, porém a decisão não altera a cobrança extra aplicada ao Brasil, que permanece com a taxa adicional de 40% instaurada no mês de agosto.

No documento, o chefe da Casa Branca reconhece que reconsiderou o pacote tarifário referente a determinados produtos agropecuários e afirmou que levou em conta orientações recebidas “por autoridades”, além de tratativas comerciais “com diversos parceiros comerciais”.

Segundo Trump, a revisão ocorreu após análise da crescente demanda interna e da atual capacidade produtiva dos Estados Unidos. Ele também citou que o peso das tarifas somado ao comportamento do mercado interno acabou elevando indicadores inflacionários no país.

A medida derruba (nesses itens) as tarifas classificadas por Trump como “recíprocas”, implementadas originalmente com base no desempenho comercial de cada país em relação aos Estados Unidos. Posteriormente, novas taxações também foram aplicadas — entre elas, a tarifa extra de 40% destinada ao Brasil, ainda em vigência.

Com a nova decisão, centenas de itens agroalimentares passam a ficar isentos da cobrança, incluindo café (cru e torrado), carne bovina, chás, especiarias, castanhas e uma variedade de frutas tropicais, como açaí, abacaxi, banana, laranja, coco e manga.

O presidente americano também anunciou que haverá devolução dos valores já recolhidos, embora não tenha apresentado detalhes ou calendário, informando apenas que os reembolsos seguirão as normas legais.

Os impactos da taxação foram sentidos especialmente no setor cafeeiro. Responsável pelo maior volume de café vendido aos EUA, o Brasil chegou a acumular uma tarifa total de 50%, o que resultou em um salto de quase 20% no valor do produto para o consumidor americano em setembro, na comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em paralelo, os produtos brasileiros vêm perdendo vendas e permitindo que outros mercados ocupem o espaço aberto com a saída do café brasileiro dos mercados norte-americanos.

A reversão das tarifas já era aguardada por autoridades, uma vez que o secretário do Tesouro, Scott Bessent, havia sinalizado no início da semana que o governo pretendia ajustar o pacote tarifário para produtos “que não cultivamos aqui nos Estados Unidos”, mencionando diretamente o café e a banana.

A assinatura do decreto ocorreu após acordos comerciais anunciados, que suspenderam tarifas sobre parte dos produtos alimentícios exportados por Argentina, Equador, Guatemala e El Salvador.

No caso brasileiro, as exportações de café sofreram impacto significativo após o início do tarifaço. O país faturou US$ 1,9 bilhão no ano passado com vendas do produto para o mercado americano, mas em outubro houve queda de 54% em comparação ao mesmo mês do ano anterior, conforme números divulgados pelo Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).

O governo brasileiro segue em tratativas diplomáticas com Washington. Nesta semana, o chanceler Mauro Vieira esteve reunido com o secretário de Estado, Marco Rubio, dando continuidade ao diálogo iniciado no mês passado entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Mas após algumas reuniões, nada de concreto foi anunciado.

A redução tímida desapontou as autoridades brasileiras. Ontem, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, se reuniu com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, em Washington, para tratar do tarifaço. Mas saiu de mãos vazias. (Foto: reprodução redes sociais; Fonte: UOL)