Indígenas bloqueiam entrada da COP30 e pedem reunião com Lula

Um protesto de indígenas nesta sexta-feira (14) marcou o início do quinto dia da Cúpula das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), em Belém.

BRASIL

11/14/20252 min read

Por volta das 5h40 da manhã, um grupo de 90 indígenas da etnia Munduruku ocupou a área externa de acesso à Zona Azul – espaço reservado aos negociadores e pessoas credenciadas no evento.

A segurança foi reforçada no local com soldados do Exército, mas não houve confusão. Apoiados por ativistas, os Munduruku reivindicavam uma reunião com o presidente Lula, que está em Brasília.

“Exigimos nosso direito aqui. Nós mulheres, nós caciques, jovens, crianças, com nossos bebês no colo. Exigimos a presença do presidente Lula. Mas infelizmente, a gente não consegue, como sempre. Sempre somos barrados, nunca fomos ouvidos”, lamentou uma das manifestantes.

Os indígenas pedem que Lula revogue o Decreto nº 12.600/2025, que prevê a privatização de empreendimentos públicos federais do setor hidroviário.

Em alguns dos cartazes do grupo, era possível ler frases como “Nossa floresta não está à venda” e “Não negociamos a Mãe Natureza”.

“Deixa a população sem educação, sem saúde. E cadê a Justiça pra nós, pra defender aqui? Cadê o mundo, que fala que defende os territórios, que defende a Amazônia? A COP não fala por nós. A COP fala pelo interesse dos países e empresas destruidoras”, afirmou outra manifestante.

Os indígenas também pedem o fim do Marco Temporal — lei que limita aos povos originários o direito somente às terras que ocupavam na data em que a Constituição Federal foi promulgada, em 1988.

Um grupo de participantes promoveu uma espécie de “cordão humano” para cercar e proteger os indígenas. A movimentação impediu por algum tempo a entrada dos participantes à conferência do clima; mas logo em seguida, foi aberto um acesso alternativo pela área onde normalmente é realizada a saída do local.

O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, foi pessoalmente até o local para falar com os manifestantes. O acesso principal à Zona Azul foi liberado pouco depois das 9 horas da manhã, quando o presidente da COP30 se reuniu com os Munduruku, e com as ministras do Meio Ambiente, Marina Silva, e dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara. (Fonte e foto: EBC)