Moraes mandou emissário vistoriar papuda antes de julgar recursos de Bolsonaro

A chefe de gabinete do ministro Alexandre de Moraes, Cristina Kusahara, realizou uma visita à Penitenciária do Distrito Federal I (PDF 1), na Papuda, na última semana.

BRASIL

11/5/20252 min read

Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, a inspeção contou também com a presença da juíza Leila Cury, titular da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal. O gabinete de Moraes, relator das ações ligadas à suposta ‘tentativa de golpe’ de 2022, não se manifestou sobre o assunto.

A vistoria ocorreu poucos dias antes de o Supremo Tribunal Federal (STF) julgar, na próxima sexta-feira (7), os primeiros recursos apresentados por Jair Bolsonaro (PL) e outros seis condenados. A Primeira Turma analisará embargos de declaração, instrumento usado pelas defesas para apontar possíveis contradições na sentença.

A inspeção se concentrou principalmente na PDF 1, que abriga presos em regime fechado e possui quatro blocos, incluindo uma ala de segurança máxima.

Cristina Kusahara e a magistrada visitaram as áreas destinadas à segurança média e máxima, com passagens por espaços de reintegração social, visitas íntimas e salas de aula. A comitiva também esteve no 19º Batalhão da Polícia Militar do DF — conhecido como “Papudinha” — onde o ex-ministro Anderson Torres chegou a permanecer preso preventivamente.

De acordo com servidores do presídio, ainda conforme a Folha, a visita mobilizou todos os setores do complexo. A equipe apresentou à chefe de gabinete do STF as instalações reservadas a presos especiais, mas não houve indicação sobre quem poderia ser transferido para o local.

Em nota, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal afirmou que as inspeções da juíza Leila Cury são regulares e previstas na Lei de Execução Penal, reforçando que nenhum processo referente aos ataques de 8 de janeiro foi delegado ao tribunal.

A movimentação reacendeu a expectativa dentro do governo do Distrito Federal sobre a possibilidade de Bolsonaro cumprir pena na Papuda, caso as condenações sejam mantidas.

Nesta segunda-feira (3), o secretário de Administração Penitenciária, Wenderson Souza e Teles, enviou um ofício ao ministro Moraes solicitando uma avaliação médica do ex-presidente antes da eventual prisão.

O documento, revelado pelo portal Metrópoles, destaca que Bolsonaro passou por diversas cirurgias abdominais e segue em acompanhamento clínico.

Segundo o texto, a medida busca assegurar que o sistema prisional de Brasília possa atender adequadamente às necessidades médicas e nutricionais do condenado.

A definição sobre o local de cumprimento da pena de Bolsonaro e dos demais réus da trama golpista caberá exclusivamente ao ministro Alexandre de Moraes, e só será tomada após o julgamento final dos recursos no STF.